A realidade não é o que parece ser! Por mais que os últimos tempos representem para as mulheres um divisor de águas em relação às conquistas pelos seus direitos, existem áreas em que as desigualdades persistem, prevalecendo o olhar, o fazer masculino, sem contemplar as diferenças e diversidades. A política é uma delas. Muitos lugares avançaram e na ocupação dos espaços de poder prevalece o equilíbrio. Não é este o nosso caso. Em Pedreiras se não me falha a memória, apenas a sr. Graça Melo exerceu o mandato de chefe do executivo Municipal, e olha que temos mais de 90 anos de emancipação política. Na câmara é a mesma coisa, nas legislaturas daquela casa a presença feminina através dos tempos sempre foi pequena. Será nossa sociedade machista? Na visão predominante dos representantes políticos, a presença da mulher deveria ficar sempre restrita ao voto, esta é a verdade. A militância política também deveria ficar restringida a tarefas consideradas menores, uma extensão dos afazeres domésticos. Ainda hoje, nos partidos políticos, a participação das mulheres no trabalho burocrático ou de militância de base é considerável, mas, à medida que as decisões políticas se afunilam, a presença feminina é quase nula.Ou seja lamentavelmente as mulheres tem sido usadas como trampolim e depois vetadas das decisões tomadas e espaços a serem ocupados. Para que as mulheres tivessem uma participação efetiva no processo eleitoral, foi necessário que elas fossem à luta e conquistassem o direito a participação, garantindo o preenchimento de um percentual de candidatas nos partidos políticos, os famosos 30%. Porém, não foi suficiente para garantir a presença das mulheres nos espaços de poder. Mulheres militantes de partidos políticos dão conta que o relacionamento interno seja em partido de esquerda, centro ou de direita é extremamente difícil. As mulheres continuam sendo vistas como problema e são excluídas do processo. Muitas, inclusive, desistem, não suportam a pressão psicológica, o sentimento de culpa, já que, para exercer o direito de participar da vida política, têm de abrir mão da vida pessoal, e do que na sociedade patriarcal instituiu-se como tarefa da mulher, o cuidado com a família. Todo este conjunto de fatores favoráveis à não participação das mulheres na política. Precisamos nos aprofundar na reflexão sobre os fatores que contribuem para que as mulheres não avancem na participação política. Além dos já citados, é preciso que o Estado e também os Municípios invistam em políticas públicas que beneficiem as mulheres, e que elas possam dividir a tarefa de cuidar dos seus. Tarefas que acabam sobrecarregando e limitando o tempo que as mulheres poderiam dedicar à prática política. Também é preciso repensar o processo eleitoral, baseado no poder econômico, na privatização das campanhas eleitorais, nas práticas de influências que só aumentam o fosso da desigualdade entre os candidatos e as candidatas.
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