DESCASO COM OS MORTOS



Os anos passam, a cidade cresce, a população aumenta, os serviços essenciais vão se adaptando para atender a demanda. No centro da cidade ou mais precisamente no Alto São José , estão descansando na paz de Cristo nossos entes queridos e amigos. Lá deixamos flores,  cerâmicas, retratos, coroas, dentre outros objetos que tem valor apenas simbólico, mas que demonstram amor e afeto aos que nos deram tantas alegrias e que por força do destino não estão mais entre nós. Mas, todos estes gestos de carinho estão sendo profundamente afetados pelo descaso do Poder público local atrelado a ação de vândalos e ladrões que depredam o local, usam drogas, e segundo informações praticam até atos sexuais num lugar que deveria ser de respeito e descanso. O roubo no cemitério é tanto que as famílias estão a gradear as sepulturas dos seus entes-queridos , para ver se conseguem ter o mínimo de tranquilidade. Os que não tem condições financeiras de fazer o mesmo, sofrem a dor de estarem sendo violados, e esta dor, dói na alma. Falo isto por que sou uma das centenas de pessoas que se sentiram violados com ações de profundo desrespeito como as que mencionamos. Não pedimos muito, apenas uma vigilancia permanente,limpeza, e respeito a nossos parentes e amigos, pois lá descansam na paz de cristo as pessoas mais importantes de nossas vidas. Fica registrado aqui o apelo aos poderes constituídos, PREFEITURA E CÂMARA, para que tomem as devidas providências, pois por incrível que pareça,  os que o representam, também tem os seus falecidos enterrados lá.




Nas imagens, as fotos do túmulo do mais ilustre dos Pedreirenses e Maranhense do século, João Batista do Vale, nem este escapou da ação criminosa dos vândalos. Observem que a placa que fazia referência ao Compositor foi arrancada. Atos como estes se sucedem com crucifixos,vasos,coroas, e outros objetos ali depositados. 

Não tem nome esta cruz ferrugenta
Plantada no ventre da terra
No alto do cemitério abandonado.
Quem nasceu, quem morreu,
Quem dorme debaixo desta cruz?
Que sorte o condenou sem arrependimento ou remorso
Ao segredo do anonimato?

Há quanto tempo não vem ninguém
Prestar um ultimo adeus,
Uma simples limpeza
Uma vigília vigiada
Pousar uma flor,
Quem sabe um pensamento
A este ou esta que já não é?
No deserto da solidão, de onde ninguém retorna
Reclamar à ingratidão a magra parte do respeito
Ninguém a não ser uma oração,
Para o repouso da sua eterna alma.
A vida, o amor, a morte, são filhos dos nascidos
Que o vento balança numa corrente de ar.
Na solidão do deserto, de onde jamais se retorna
Testemunho a ingratidão de quem o abandonou
Na soleira do túmulo
Sem uma prece para que possa repousar a sua alma
Ficamos aqui na mais profunda solidão 

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