EDITORIAL

Editorial – Jornal Pequeno, 1/05/2012

Zumbis apavorantes, jovens esquálidos, sem sangue nem coordenação motora, seres violentos, dispostos a tudo, a qualquer humilhação e qualquer crime para obter a substância que lhes proporcionará um prazer infernal até que sua própria vida se torne um inferno. Uma geração perdida, sem propostas, sem propósito, sem futuro, vagando como fantasmas e morrendo em pé nas nossas presenças.
Cada vez mais numerosos, cultivam a insônia e a depressão nos quintais de suas almas e vendem tudo em troca da fumaça que lhes embota o cérebro até que passem a agir como seres anacefálicos, vítimas de um torpor que só lhes permite o confinamento e a solidão mental de quem vive em outro mundo, tão distante que não conhecemos. 
Em todos os cantos, a sociedade se organiza para salvar pelo menos parte deles, para trazê-los de volta às suas casas, devolver a vida, para que possam respirar o mesmo ar que os outros, pisar o mesmo chão, estar aqui de novo como já estiveram um dia. Precisam de proteção, mas não querem ser protegidos, precisam de amor, mas querem ser amados. Precisam de luz, mas tudo ficou escuro, como escuros são os seus destinos.

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